Durante a gestação, no entanto, muitas mulheres têm medo de que o esforço físico prejudique o bebê. Trata-se de um engano: na maioria dos casos, a grávida não só pode como deve manter um programa de exercícios, inclusive no último trimestre, quando as pernas costumam ficar mais inchadas e pesadas. Basta encontrar a atividade mais indicada para cada período da gestação. Abaixo, o ginecologista e obstetra Marco Antonio Borges Lopes, médico do serviço de Medicina Fetal do Fleury e coautor do livro Atividade Física na Gravidez e no Pós-Parto (Editora Roca), responde às principais dúvidas a respeito do assunto.
É importante a gestante manter ter uma atividade física?
Hoje em dia é sabido que os hábitos adotados durante a gestação podem afetar a saúde da mulher durante o resto de sua vida. Dessa forma, as gestantes sem contraindicações para a prática de atividade física, que são a maioria delas, devem ser encorajadas a manter uma rotina de exercícios físicos.
Qual a atividade mais indicada nesta fase da vida?
Não existe uma única atividade mais indicada. Com a concordância do obstetra que acompanha a gestante, o programa deve possuir, idealmente, exercícios aeróbicos, como caminhadas, natação ou bicicleta ergométrica, que podem ser realizados a maior parte da semana por cerca de 30 minutos; além de atividades resistidas, ou musculação, que devem ser feitos ao menos duas vezes por semana. Outros componentes importantes são os alongamentos, que podem ser realizados tanto antes quanto após os outros exercícios.
Antes de engravidar, a mulher tem um corpo mais torneado e pode desejar mantê-lo durante a gravidez. Ela pode malhar até que fase?
Na ausência de complicações, ela poderá se exercitar até o final do ciclo gestacional. Porém, convém salientar que diversas mudanças hormonais, metabólicas e biomecânicas acometem o organismo materno ao longo da gestação, e a mulher deve ter consciência de que essas mudanças são naturais, e que, por exemplo, o seu peso e percentual de gordura irão aumentar no decorrer da gravidez. Isso é fisiológico. O que acontece é que, com a prática de exercícios durante a gestação, fica muito mais fácil ela retornar ao seu nível de condicionamento físico pré-conceptual após o parto. Porém, não devem ser cometidos excessos, como a prática de exercícios resistidos com o intuito de aumentar a massa muscular ou a prática de atividades aeróbicas muito intensas.
No último trimestre, as pernas costumam ficar mais inchadas e pesadas. Por conta disso, há algum tipo de atividade física mais indicada para este período?
Nesse caso, a hidroginástica é a atividade mais recomendada, devido à ação da pressão hidrostática que age como se fosse uma grande meia elástica no organismo em imersão, o que diminui o inchaço dos membros inferiores.
E o que não é recomendado para o último trimestre?
Qualquer exercício em decúbito dorsal, ou seja, com as costas apoiadas no solo, não deve ser feito a partir do primeiro trimestre. No terceiro trimestre gestacional, em geral a mulher encontra-se bem acima de seu peso pré-gestacional, o que pode fazer com que alguns exercícios tornem-se desconfortáveis nessa fase. Por exemplo, muitas não conseguem manter as caminhadas ao final da gravidez devido às dores lombares. Nesses casos, os exercícios devem ser adaptados. No exemplo específico da caminhada, a gestante pode trocá-la por uma bicicleta ergométrica com apoio de costas, ou mesmo por exercícios na água, por exemplo. Como também, em geral, a mulher fica mais cansada nessa fase, é necessário diminuir a intensidade e a frequência semanal com que ela pratica os exercícios. Tudo vai depender do seu bem-estar e da avaliação do seu médico assistente.
E após o parto? A partir de quando a mulher pode retomar a atividade física? Qual a mais recomendada?
Na ausência de complicações, após o parto vaginal em cerca de duas semanas, geralmente, ela já pode retomar gradativamente suas atividades. No caso de parto cesário, os consensos internacionais indicam ao menos 40 dias de resguardo. Atividades mais intensas como musculação devem ser retomadas após preferencialmente 60 dias.