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Dengue – precisamos conversar sobre ela

Tempo de Leitura: 5 minutos
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Dengue, zika and chikungunya fever mosquito (aedes aegypti) on human skin

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), nas últimas décadas houve um crescimento da dengue em nível mundial de 30 vezes, acometendo hoje mais de 100 países, com metade da população mundial vivendo em áreas endêmicas da doença e com risco de transmissão.

O número de indivíduos infectados anualmente, em todo o mundo, é cerca de 390 milhões sendo que um quarto desses casos, 96 milhões desenvolvem formas sintomáticas e meio milhão evolui para formas graves da doença (hospitalização), sendo reportadas 25.000 mortes anuais.

Dengue no Brasil é endêmica, com casos presentes durante todo ano e atualmente, estamos enfrentando um momento delicado com a doença com aumento exponencial nos números, acometendo praticamente todos os estados. Para termos uma evolução favorável dos casos é muito importante o reconhecimento precoce da doença e estar informado sobre ela é fundamental. Até metade de fevereiro temos contabilizados pelo Ministério da Saúde 512.353 casos, com 75 óbitos e 340 outros em investigação o que excede muito os números da mesma época em 2023.

A dengue é uma doença febril aguda, sistêmica e dinâmica com amplo espectro de manifestações clínicas, tendo em uma parte dos pacientes, possibilidade de evolução com maior gravidade.

Ela afeta indivíduos de qualquer idade sendo o maior número de casos confirmados entre adolescentes e adultos jovens e os dois grupos que mais tem pacientes hospitalizados são crianças e adolescentes de 10 a 14 anos e idosos.

A doença é transmitida pela picada da fêmea do mosquito Aedes aegypti. Não há transmissão pelo contato direto com um doente ou suas secreções, nem por meio de fontes de água ou alimento.

Os principais sintomas são: febre, geralmente bem alta e resistente ao uso de medicação, dor de cabeça, dor atrás dos olhos, dor no corpo, náuseas, vômitos, podendo aparecer manchas na pele e sangramentos, entre outras manifestações. Não é esperado sintomas respiratórios o que ajuda a diferenciar de covid. Pelos sintomas não é possível realizarmos a diferenciação com chikungunya sendo necessário exames para esse diagnóstico.

A avaliação clínica sempre é necessária para podermos inclusive avaliar se o paciente tem algum sinal de gravidade e encaminhar a situação da melhor forma, então na dúvida, procurem o serviço de saúde.

Os exames podem ser feitos desde o primeiro dia do quadro, porém caso esses venham negativos, isso não exclui a doença e em alguns casos, precisa ser repetido. Não existem autotestes (do próprio paciente se testar) mas temos testes rápidos que podem ser usados nos primeiros dias do quadro e auxiliam muito na condução do caso.

Não temos nenhum tratamento específico para dengue, sempre as medidas são de suporte e para casos gerais, não complicados, a recomendação é hidratação, antitérmicos e repouso. Caso haja sinais de complicação o paciente precisa ser internado.

Como não há tratamento, todo investimento deve ser feito em medidas preventivas, especialmente no controle de criadouros do mosquito, uso de repelentes e roupas que dificultem as picadas e para todos que puderem, a vacinação.

O Aedes aegypti é um mosquito doméstico. Ele vive dentro de casa e perto do homem. Com hábitos diurnos, o mosquito se alimenta de sangue humano, sobretudo ao amanhecer e ao entardecer. A reprodução acontece em água limpa e parada, a partir da postura de ovos pelas fêmeas. Os ovos são colocados em água limpa e parada e distribuídos por diversos criadouros.

Por isso temos de trabalhar juntos para a eliminação dos focos do mosquito. Em menos de 15 minutos é possível fazer uma varredura em casa e acabar com os recipientes com água parada, ambiente propício para fazer o mosquito se replicar.

  • Tampe os tonéis e caixa d’água;
  • Mantenha as calhas sempre limpas;
  • Deixe garrafas sempre viradas com a boca para baixo;
  • Mantenha lixeiras bem tampadas;
  • Deixe ralos limpos e com aplicação de tela;
  • Limpe semanalmente ou preencha pratos de vasos de plantas com areia;
  • Limpe com escova ou bucha os potes de água para animais;
  • Retire água acumulada na área de serviço, atrás da máquina de lavar roupa.

Se achar larvas suspeitas de dengue na sua casa, comunique a subprefeitura da sua região. Algumas medidas podem ser adotadas para eliminar esses focos.

  • Lavar as bordas dos recipientes que acumulam água com sabão e escova/bucha;
  • Jogar as larvas na terra ou no chão seco;
  • Para grandes depósitos de água e outros reservatórios de água para consumo humano é necessária a presença de agente de saúde para aplicação do larvicida;
  • Em recipientes com larvas onde não é possível eliminar ou dar a destinação adequada, colocar produtos de limpeza (sabão em pó, detergente, desinfetante e cloro de piscina) e inspecionar semanalmente o recipiente, desde que a água não seja destinada a consumo humano ou animal.

Importante solicitar a presença de agente de saúde para realizar o tratamento com larvicida.

Além disso podemos usar repelentes para nos proteger, lembrando sempre de consultar a especificação do produto para ver se pode ou não ser utilizado pela sua criança e vacinar. A nova vacina da Takeda, Qdenga® pode ser utilizada por pacientes de 4 a 60 anos, tanto para quem nunca teve dengue como quem já teve anteriormente, estando disponível em clínicas privadas e em alguns municípios para pacientes de 10 a 14 anos pelo Ministério da Saúde. Ela é uma estratégia importantíssima que ajudará muito no controle dessa atual situação. Em casos de dúvida, procure sempre um profissional da saúde.

Dra. Daniela Vinhas Bertolini
Pediatra e Infectopediatra. Doutora em Pediatria pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP).
Membro do Departamento de Infectologia da Sociedade de Pediatria de São Paulo. Infectopediatra do Programa Estadual e Municipal de IST/Aids de São Paulo
@dradanielabertolini
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