Neuropediatra do Hospital Infantil Sabará diz que a qualidade do sono é mais importante do que o tempo de descanso. No primeiro ano de vida, o não dormir o suficiente pode acarretar problemas de crescimento e de aprendizado
Quantas horas um bebê precisa dormir? A pergunta é frequente nos consultórios pediátricos. Os pais sempre querem fórmulas mágicas para não errar. O que poucos sabem, explica a neuropediatra Clarissa Bueno, do Hospital Infantil Sabará, é que se deve levar em conta a individualidade de cada criança. Assim como acontece com os adultos, algumas precisam de poucas horas de sono, outras precisam dormir mais.
Ao longo dos primeiros 12 meses de vida, a duração do sono das crianças pode variar de 8 até 18 horas por dia, de acordo com a idade e as características individuais. “Essa variação, ao contrário do que sugere, não implica em problemas de saúde. Pode ser apenas uma característica da criança”, argumenta.
Como as crianças não expressam o que sentem, para saber se a falta de sono é um problema, os pais devem ficar atentos ao comportamento dos pequenos. “Se elas não descansam tempo suficiente, ficam irritadas, agitadas ou cansadas e podem até apresentar perda de apetite”, alerta.
Alguns problemas de saúde também podem comprometer a qualidade do sono dos pequenos. Crianças com asma, rinite, alergias ou síndrome gripais têm dificuldade para respirar e dormir. Bebês com refluxo gastroesofágico também podem ter o sono prejudicado.
Além de afetar a qualidade de vida dessas crianças, o sono insuficiente pode implicar em problemas de desenvolvimento, principalmente no primeiro ano de vida. “Quando os pequenos dormem, o organismo não para. Neste período o sistema nervoso e o imunológico estão em atividade, os hormônios são produzidos e o crescimento das células acontece, entre outras atividades”, esclarece.
A falta de sono no primeiro ano de vida, de acordo com a Dra. Clarissa, pode acarretar problemas comportamentais, como dificuldade de atenção, sonolência excessiva ao longo do dia, dificuldade de aprendizado, hiperatividade em alguns casos e problemas no desenvolvimento neuropsicomotor e até no crescimento.
Segundo a neuropediatra, nem sempre é preciso ensinar os recém-nascidos a dormir, mas os pais podem tomar algumas medidas para garantir os bons sonhos dos pequenos. A primeira dica é estimular a criança a pegar no sono sozinha, nunca no colo, para não virar um hábito. Um ambiente tranqüilo e pouco iluminado também ajuda a embalar. Um banho morno antes de ir para o berço é uma ótima estratégia. E, lembre-se, o bebê deve ser colocado em posição supina (de barriga para cima) – forma de prevenção da Síndrome da Morte Súbita Infantil.