Ser mãe é um desafio e tanto! Desde o momento da descoberta da gravidez, somos bombardeadas com expectativas. São conselhos, palpites, comparações e um ideal quase impossível de alcançar. Dizem que você deve amamentar exclusivamente, introduzir alimentos saudáveis sem erro, equilibrar carreira e maternidade como se fosse fácil, manter a casa organizada, ter paciência infinita e, claro, dar conta de tudo isso com um sorriso no rosto. Mas e se eu disser que tudo isso é uma grande ilusão? A verdade é que a mãe perfeita não existe. E tudo bem! A maternidade real é feita de tentativas, erros, aprendizados e muito amor.
O perfeccionismo na maternidade é um fardo pesado e silencioso. Ele se disfarça de boa intenção, mas esconde diversos malefícios:
- Exaustão física e emocional: A pressão de querer fazer tudo certo, o tempo todo, pode levar ao burnout materno. É um esgotamento extremo que afeta a saúde física e mental, tirando a energia até para curtir os bons momentos com os filhos.
- Culpaconstante:Quando colocamos metas inalcançáveis para nós mesmas, qualquer escorregada vira motivo de culpa. A culpa por trabalhar fora, por não brincar o suficiente, por dar uma comida pronta ou deixar a tela ligada enquanto precisa resolver algo. Essa culpa desgasta e impede que a gente enxergue tudo o que já está fazendo de bom.
- Falta de conexão real com os filhos: Quando estamos presas à busca por perfeição, ficamos no automático. Planejando, organizando, corrigindo… e deixamos de aproveitar o momento presente. Às vezes, tudo o que seu filho quer é você ali, de verdade, sem pressa nem julgamento.
- Ansiedade e comparação constante: Redes sociais podem ser verdadeiras armadilhas. Vemos mães que parecem dar conta de tudo: penteadas, com filhos impecáveis, casa em ordem e ainda um bolo caseiro saindo do forno. Mas é importante lembrar: aquilo é um recorte. Ninguém mostra a bagunça completa da vida real.
- Dificuldade em pedir ajuda: O perfeccionismo também nos faz acreditar que pedir ajuda é sinal de fraqueza. Que “boa mãe” é aquela que dá conta de tudo sozinha. Esse pensamento, além de injusto, é irreal. Criar uma criança é um trabalho coletivo, e se permitir ser ajudada é um ato de amor – por você e pelo seu filho.
É possível viver a maternidade com mais leveza, aqui vão algumas dicas:
- Aceitequeerrarfazpartedoprocesso:Ninguém nasce sabendo ser mãe. A gente aprende na prática, e errar faz parte desse caminho.
- Pratiqueaautocompaixão:Troque o discurso interno crítico por um mais acolhedor. Fale com você mesma como falaria com uma amiga querida. Valorize suas pequenas vitórias do dia a dia.
- Peça ajuda e delegue tarefas: Ninguém precisa (nem deve!) dar conta de tudo sozinha. Divida responsabilidades com quem está ao seu lado. E, se for possível, conte com apoio profissional, familiar ou de uma rede de mães.
- Desconecte-se da ilusão da maternidade perfeita: Faça uma limpeza nas redes sociais se for preciso. Siga perfis que mostram a maternidade real, com seus altos e baixos. Comparações só servem para aumentar a pressão e diminuir sua autoestima.
- Priorize o que realmente importa: No fim das contas, seu filho vai lembrar mais dos momentos de afeto do que da casa impecável. Uma bagunça divertida no fim da tarde pode ser mais valiosa que uma pia brilhando.
- Cuidedevocê:Cuidar de si mesma não é egoísmo, é necessidade. Dormir bem, se alimentar direito, ter momentos de lazer e conexão com o que te faz bem ajudam a fortalecer sua saúde mental e emocional.
Não existe manual perfeito – existe amor, entrega e uma construção diária. Neste mês das mães, que tal trocar a cobrança por acolhimento? Em vez de buscar ser a melhor mãe do mundo, seja a melhor mãe que você pode ser para o seu filho. Com erros, acertos, gargalhadas e choros. Com bagunça, amor e imperfeição. Porque no final, o que fica mesmo é o vínculo que vocês estão construindo – um dia de cada vez.
Com amor, Giu

Psicóloga Infanto-Juvenil, fascinada pelo mundo da infância e da parentalidade, pós-graduada em Terapia Cognitivo Comportamento na Infância e Adolescência. Ajudo pais e filhos a construírem um relacionamento mais saudável e respeitoso.
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