Veias dilatadas e tortuosas, as varizes se desenvolvem sob a pele e, dependendo da fase em que se encontram, podem ser de pequeno, médio ou grosso calibre. Em geral, provocam dor, inchaço e cansaço.
Segundo a Sociedade Brasileira de Cirurgia Vascular, são fatores de risco para o surgimento das varizes: idade, sexo, história familiar, obesidade, traumatismo nas pernas, exposição ao calor por tempo prolongado, tabagismo, sedentarismo, pílulas anticoncepcionais, reposição hormonal e a gravidez.
“Durante a gravidez a quantidade de sangue que circula pelo organismo da mulher aumenta em 50% e, portanto, cresce o trabalho das veias que acabam ficando mais dilatadas”, explica Edilson Ogeda, ginecologista e obstetra do Hospital Samaritano. “Mas existe uma predisposição pessoal que é soberana e está acima de outros fatores”, diz.
As varizes das grávidas podem ser classificadas em:
• Varizes da gestação: veias aparentes mais sobressaltadas, que ocorrem em mulheres sem antecedentes familiares ou varizes antes da gravidez. Melhoram muito com o término da gestação – praticamente voltam ao que eram antes.
• Varizes na gestação: um grande problema das mulheres que engravidam já com varizes. Em geral, têm histórico familiar. A tendência é o agravamento destas varizes na gravidez e não há melhora depois do parto.
Além da hereditariedade, outros fatores que influem no aparecimento e/ou agravamento das varizes na gestante são:
• Aumento da progesterona, hormônio que dilata as veias;
• Aumento do tamanho do útero, que comprime as veias do abdome e da região pélvica, dificultando a subida do sangue das pernas para o coração.
É possível prevenir
Gestantes atentas ao aumento exagerado de peso têm menos chance de desenvolver varizes na gestação. “Toda mulher que tem uma sobrecarga menor corre menos risco de desenvolver varizes”, explica Ogeda. O ideal é um aumento de peso entre 9 e 12 quilos durante a gestação. “No entanto, há mulheres que aumentam nove quilos e desenvolvem varizes, outras, 18 quilos e não têm absolutamente nada”, conta.
O uso das meias elásticas é uma das melhores maneiras de prevenir as varizes. Para isso, o obstetra orienta o uso da meia elástica de leve a média compressão e chama a atenção para a forma de usá-la: “Muitas grávidas põem o pé no chão para vestir a meia, e assim não funciona. No momento em que ela pisa o chão, a veia dilata. Depois de acordar e ir ao banheiro, ela deve voltar para a cama e colocar as pernas na parede a 45º por 15 minutos. A meia deve ser vestida nessa posição, deitada e com as pernas para cima. Se não for assim, não adianta”, alerta. A função das meias elásticas é de contenção sobre as veias, que não dilatam mais do que o permitido.
Entre os inconvenientes desta forma de prevenção estão: o tempo que se gasta e o esforço físico para vestir a meia elástica, além das altas temperaturas, principalmente no verão.
Anote outras maneiras de cuidar das varizes na gravidez:
• Colocar as pernas para cima, no final do dia, ajuda no retorno venoso;
• Caminhar;
• Fazer hidroginástica ou natação;
• Cuidar do peso;
• Evitar permanecer muito tempo sentada ou em pé.
Uma sugestão curiosa é o uso do salto alto pela grávida. “Algumas gestantes hesitam em usar salto alto”, conta Ogeda. “É claro que ela não irá usar salto 15, porque a probabilidade de torcer o tornozelo é grande, pois as articulações ficam mais frouxas nesta fase como um todo para permitir que os ossos da bacia se apartem milímetros e facilitem a saída do bebê. Porém, o salto alto comprime a musculatura da panturrilha, (batata da perna) ajudando na prevenção das varizes”, indica o obstetra.
O uso do salto alto tem, portanto, dois lados: o positivo, pois ajuda a contrair a musculatura, apertando as veias e impedindo a sua dilatação, e o negativo, que aumenta a probabilidade de torção e o risco de quedas.