Hoje vamos falar sobre algo que traz muitas dúvidas das mamães, papais, avós, professores que converso! O desenvolvimento da fala do nascimento aos 2 anos de idade.
Quando temos um bebê na família o que mais ouvimos é: meu filho falou com 3 anos e não teve nenhum problema! O seu tio até 4 anos não falou e hoje é presidente da empresa! Sua mãe falava bem errado até os 6 anos e hoje é uma médica de sucesso… e por aí vai! E aí, ficamos diante de um bebê nos questionando se estamos exigindo demais dele ou estamos sendo negligentes…. Para isto, resolvi mostrar aqui que temos sim uma linha de desenvolvimento e que existem marcos que devem ser seguidos.
Claro que podemos ter um jogo de cintura de um período para o outro, mas sempre lembrando que não deve ficar muito longe disto e que se o bebê não atingir os marcos isto é um sinal de alerta! Mas não de desespero! Como sabemos, o conhecimento liberta e empodera! E cabe a vocês, pais, mães, cuidadores, avós, avôs, tios, madrinhas, ou seja, lá o que for, estarem atentos e atentas ao desenvolvimento e saberem agir em caso de atraso! Combinado?
Então vamos entender melhor os marcos da linha de desenvolvimento da fala:
Quando o bebê nasce, a única forma de comunicação é através do choro. Quando o bebê ainda é bem novinho, os pais já conseguem identificar os diferentes choros: sono, fome, frio, cansaço e por ai vai! Portanto, entre 0 e 3 meses o bebê se comunica pelo choro.
Entre os 3 aos 6 meses o bebê além de chorar começa a gritar também para se comunicar!
É uma fase superinteressante porque rapidamente o bebê percebe que se ele grita, os adultos respondem a este som e cada dia mais produz diferentes sons e provoca diferentes reações nos adultos! Quem de nós nunca viu um bebê gritando e disse a ele: “você está chamando a mamãe?” ou “Nossa! Você está bravo?”.
Entre 4 e 6 meses o bebê explora muito os sons, produzindo o que chamamos de sons guturais (que são aqueles sons produzidos pela garganta, como “angu”) e conforme os adultos vão respondendo a estes sons, o bebê começa a tentar fazer outros sons e inicia a fase que chamamos de balbucio.
O Balbucio é quando temos sons com consoante+vogal+consoante+vogal: temos então os bababa, dadada, tetete e por aí vai! No início desta fase, o bebê costuma repetir sílabas iguais, mas com o passar do tempo começamos a ter a formação de sequencias de sons com diferentes consoantes, como dapada, tacata e assim por diante.
Aos 9 meses aproximadamente, o bebê começa a utilizar os gestos como dar tchau, bater palmas e inicia o apontar com intenção. Estes gestos são fundamentais para o desenvolvimento da linguagem.
Durante os primeiros meses, o desenvolvimento da linguagem está intimamente ligado ao processo de socialização. O bebê aprende a comunicar intenções não apenas através do choro, mas também através do olhar, dos gestos e do sorriso.
A comunicação não-verbal é muito importante, pois o bebê ainda não tem a capacidade de comunicar seus desejos e necessidades com palavras. É aí que entra o gesto de apontar. Esta é uma das primeiras formas com que os bebês se comunicam antes de conseguirem expressar as suas intenções com palavras.
Finalmente, em torno de 12 meses, teremos as primeiras palavras! E nesta fase o bebê está conquistando importantes marcos motores, onde já explora o ambiente com mais facilidade e está iniciando se colocar em pé, para futura marcha! Então, temos um bebê muito explorador que já consegue se deslocar pelo ambiente e que a cada dia se coloca diante de uma situação desafiadora! Uma fase superimportante para que vivencie diferentes situações e a fala neste momento deve ser um elemento importante para sua comunicação.
Entre 12 e 18 meses, o bebê deve conseguir aumentar o repertório de palavras. Estudos mostram que o bebê aos 18 meses deve ser capaz de falar em torno de 50 palavras. Isto significa que durante os seis meses que estamos nos referindo, a fala deve cada dia mais se tornar algo importante e instrumento de comunicação primordial da criança!
A partir dos 18 meses, devem se iniciar as frases simples, como “qué água”, “dá bola” e assim por diante. Quanto mais a criança vivenciar situações em que a fala tenha um papel importante, maiores são as chances de que a criança adquira de forma natural a linguagem!
Portanto, um ambiente adequado, com a quantidade ideal de estímulos, convívio social e muitas brincadeiras, teremos total condição de propiciar às crianças um pleno desenvolvimento da fala!
Fonoaudióloga – doutora pela PUCSP – especialista em motricidade orofacial e em reabilitação oral, especialista em atendimento de bebês e crianças. @fonoandreabaldi